O dia amanheceu em Glastonbury, Inglaterra, Lucy acordou:
_Bom dia ao mundo, bom dia natureza!
Escovou os dentes enquanto tomava banho, se enxugou, trocou de roupa,
tomou café da manhã, pegou sua bolsa e pasta, trancou as portas de seu
apartamento e saiu.
Enquanto se encaminhava para o ponto de táxi, que ficava perto de seu
prédio, pois gostava de caminhar um pouco durante a manhã, viu um menino de
aproximadamente dez anos pedindo esmola nas ruas, parou e perguntou:
_Oi garoto, por que você está tão cedo aqui na rua? E onde estão seus
pais?
_Estou tentando arranjar um pouco de dinheiro pra casa, enquanto a minha
mãe cuida dos meus outros irmãos menores.
_E o seu pai, onde está?
_Ele morreu atropelado enquanto trabalhava catando lixo. Então, como sou
o filho mais velho, minha mãe teve que me mandar pedir dinheiro. Ela diz que
prefere me ver pedindo esmola a roubar.
Lucy ficou comovida com a situação do pobre menino, e lhe deu a quantia
que tinha pegado para pagar o táxi até seu trabalho. Pelo que reparou, apenas
ela tinha parado para conversar com ele.
_Mas, aliás, estamos aqui conversando e ainda não sei seu nome. O meu é
Lucy.
_Me chamo Jack.
_Então Jack, você já tomou café da manhã hoje?
_Não, não tinha nada em casa, eu só vou comer quando chegar em casa e der
o dinheiro para minha mãe, aí ela vai poder comprar alguma coisa pra gente
comer.
_Ugh – Lucy engoliu fundo – Então que tal se eu te pagar um lanche na
padaria que fica aqui perto?
_Você tá falando sério mesmo?
_Claro que sim, vamos então?
_Vamos.
Chegando à padaria:
_Oi Larissa, será que dá para você preparar um x–burguer no capricho para
o meu amigo aqui?
_Oi Lucy, pode deixar é pra já.
Lucy pagou o lanche:
_Lari, será que daria para você cuidar dele até ele terminar? É que tenho
que ir.
_Claro, pode deixar. E hoje a noite está de pé?
_Sim, tchau.
_Tchau.
_Tchau Jack.
_Tchau – Jack respondeu de boca cheia.
Lucy saiu, pegou o ônibus, já que tinha dado o dinheiro do táxi para o
garoto, desceu no ponto perto de seu trabalho, andou um pouco, entrou no
prédio, e lá como todos os dias cumprimentou a todos, sempre muito educada,
pois era a secretária do diretor de finanças, e foi trabalhar. Na hora do
intervalo conversou um pouco com sua colega de trabalho e uma de suas melhores
amigas, Rose. Falaram sobre como esperavam que fosse aquela noite tão especial
para as três:
_Lucy, não vejo a hora de anoitecer, por que será que o dia não acaba
logo?
_Calma Rose, para que tanta ansiedade, se ficar assim daí é que ela não
chegará nunca, tenha paciência.
Após o término do horário de trabalho, Lucy pegou o ônibus de volta e, ao
sair parou na padaria:
_O que te traz de volta, a esse humilde estabelecimento?
_Larissa para de brincadeira. Aliás, e o Jack, deu tudo certo com ele?
_Ele terminou de comer e saiu, tudo bem normal, até me pediu para te
agradecer pelo x–burguer.
_E o seu patrão não reclamou por vê-lo aqui?
_Não está aqui hoje, aliás, não se incomodaria, já que você pagou pelo o
que o garoto comeu. Só mais uma coisa, que cor de roupa iremos hoje?
_Que tal o branco – olhando com uma cara de quem não gostou do que
ouvira, afinal elas sabiam a cor de roupa que deveriam usar.
_Boa escolha.
_A Rose não parou quieta de tanta ansiedade.
_Para mim que você diz isso, aquela lá, até parece que você não a
conhece.
_Engraçadinha, bom vou indo, te deixarei trabalhar.
_Até parece que minha melhor amiga me incomoda.
_Beijos.
_Tchau, até lá.
Lucy chegou a seu apartamento, deixou suas coisas na cama, pegou a toalha
e foi tomar banho, ao término se enxugou e colocou um vestido leve, e foi
descansar um pouco e acabou adormecendo. Em sonho se viu ao ar livre rodeada de
árvores, vestida de branco e segurando uma cruz que logo depois se transformou
em uma espada. Nisso Lucy acordou com Rose e Larissa batendo em sua porta. Foi
abrir
_Lu, você ainda não se vestiu? – disse Larissa.
_Nossa já está na hora?
_Claro – retrucou Rose entrando no apartamento.
_Nem percebi o tempo passar, acabei é dormindo um pouco, e tive é um
sonho esquisito que depois contarei a vocês, agora podem ficar à vontade
enquanto eu me arrumo. Só me deem dez minutinhos, tudo bem? – disse isso
bocejando e com cara de quem acaba de acordar.
_Tudo – disse Rose não gostando nada no que acabara de ver e ouvir.
“Nossa nunca vi pessoa mais impaciente como esta, como é que ela poderá
ser uma de nós assim sendo como é, só a Lucy que não percebe, essa às vezes é
tão coração molenga, que nem percebe o que se passa a sua volta” – pensou
Larissa.
Lucy colocou um vestido branco parecido com o que vira em seu sonho – mas
nem percebeu esse pequeno detalhe – colocou sua tiara, trancou a porta e saíram
as três se dirigindo para uma colina, a Glastonbury Tor. Chegando
ao local fizeram os preparativos para o ritual
de iniciação Wicca de Rose:
Ao começarem os preparativos
Larissa agora atendia pelo seu nome mágico de ALASSËA e Lucy por CALIEL. CALIEL
foi escolhida para ser a sacerdotisa do ritual, exatamente por estar a mais
tempo neste caminho. O ritual iniciou com um círculo traçado no chão, começado
pelo norte, para protegê-las de energias negativas. Onde a sacerdotisa fez as
oferendas dos quatro elementos da natureza à deusa, para que ela as abençoasse e as protegesse. Assim a
sacerdotisa, segurando o athame (punhal), disse:
_ Antes fosse atirar-se nesta faca do que iniciar este caminho com medo
no coração. Como caminharás?
A novata respondeu:
_ Com amor perfeito e a confiança perfeita. A minha prova é o meu nome
LAURËA, que remeto ao cosmo.
Rose durante os próximos rituais agora atenderia por LAURËA, e assim com
seu novo nome ela seguiria o mundo da magia com convicção e lealdade aos
propósitos do mundo Wicca. Ao se fechar o círculo, começou-se pelo norte, a
sacerdotisa disse:
_ O círculo está desfeito, mas não está quebrado.
Ao término do ritual, CALIEL acabou tropeçando e caiu, ao se sentar no
chão olhou para o lado e viu que sua queda abrira um pequeno buraco, no buraco
avistou um pedaço de algo que parecia ser de metal brilhando
_ ALASSËA, LAURËA, venham ver, acho que achei alguma coisa, me ajudem
aqui.
As três começaram a cavar com as mãos, até desenterrarem uma cruz que
CALIEL acabara pegando. Nesse momento, ela começou a se lembrar de seu sonho. Como
em seu sonho, a cruz se transformou em uma espada, para o espanto dela e de
suas amigas, mas principalmente para ela que já tinha visto aquilo acontecer
antes
_Isso só pode ser brincadeira – exclamou CALIEL – está acontecendo
exatamente como no meu sonho.
_Do que você está falando? – perguntou ALASSËA.
_Lembra quando vocês foram até em casa e eu lhes contei que tinha tido um
sonho esquisito que lhes contaria depois?
_É claro que sim – respondeu LAURËA – mas o que tem a ver essa coisa com
o seu sonho?
_Tudo, isso é o meu sonho!
_Só uma coisa meninas, quem irá ficar com ela? - perguntou ALASSËA.
_Eu fico com ela, já que esse sonho maluco é meu.
_À vontade, ela é toda sua – disse LAURËA.
CALIEL pegou a espada e o resto de
suas coisas e as três partiram de volta para suas casas. Chegando a seu
apartamento, Lucy guardou a espada em um baú que ficava dentro de seu closet, e
o trancou. Tirou aquele vestido e tomou outro banho, saindo dele, se enxugou e
colocou sua camisola, se deitou e dormiu. Passado já algum tempo, ela começou a
sonhar com David, o filho de seu patrão e o homem por quem ela já estava
apaixonada há certo tempo, porém nunca tivera coragem de se declarar. No sonho,
ele se exibia para ela e a olhava como nunca, foi chegando mais perto e então
começou a dizer repetidamente:
_Me deseje...
Ele disse várias vezes até que ela acordou assustada. O que não
percebera, pois estava dormindo, é que durante seu sonho a espada começou a
brilhar tanto que o feixe de luz acordou parte de sua vizinhança. Passado o
susto, ela voltou a dormir. E desta vez sonhou com o momento em que conheceu o
Jack. A espada novamente voltou a brilhar, mas desta vez não tão forte. Tudo
passou, e pela manhã ela acordou. Ao acordar parecia que não estava em si, a
espada novamente começou a brilhar. Lucy se levantou e parecia estar totalmente
sendo controlada, pegou um papel e uma caneta e começou a escrever:
“Aquele que a espada achar;
Se na Alma tiver;
Luz ou Trevas;
O que Desejar,
Contra vai voltar”.
Neste instante, a espada parou de brilhar e Lucy despertou assustada. Vendo
aquilo que tinha escrito, ligou para suas amigas que vieram correndo:
_Lari, Rose vejam isso!
Elas leram o papel.
_Por que você escreveu isso? – perguntou Rose.
_Não sei o porquê, e nem sei como, só sei que escrevi.
_Pelo que estou vendo é para você, sei lá, fazer um desejo, que vai ser
concedido – exclamou Rose.
_Mas você não viu as últimas letras – disse Larissa
_Claro que sim, e o que é que isso importa, desde que a nossa amiga tenha
seu maior desejo realizado, e que você sabe que é o lindo do David, o resto não
importa.
_Você não mede as consequências mesmo, não é Rose? Mas deixando isso de
lado, Lucy, quando estávamos vindo para cá, vi o Jack pedindo esmola aqui
perto.
_Puxa, Larissa, o que importa um moleque de rua, molambento, nesse
momento – criticou Rose.
_Rose não fala assim dele – retrucou Lucy – ele é um garoto muito
inteligente, sabia, somente não teve sorte na vida.
_Não digo mais nada – falou Rose, ficando quieta.
_E é bom mesmo! E sabe de uma coisa, sabe o que realmente gostaria? –
disse Lucy
_Não, você ainda não nos disse – exclamou Rose
_Eu realmente gostaria que aquele garoto tivesse uma vida melhor, com
tudo o que ele tem direito.
Neste momento, o baú onde estava guardada a espada começou a tremer e a
brilhar, até que se abrisse, e a espada brilhou mais forte ainda. Segundos
depois, ela voltou a ser uma cruz e desapareceu...
_Viu o que você fez, desperdiçou o seu desejo com aquele moleque –
exclamou Rose irritada.
_E daí? Foi até melhor assim, porque aposto se fosse com você, com certeza
iria desejar ficar rica – retrucou Lucy.
_Iria mesmo. E quer saber de uma coisa? Estou indo embora, tenho coisas
melhores para fazer – disse Rose saindo e batendo a porta com bastante força.
Passado algum tempo, cerca de um mês mais ou menos, Lucy soube que a mãe
de Jack tinha arranjado um bom emprego, ele estava estudando, e seus irmãos
frequentando a creche e a escola. Nesse mesmo dia, quando Lucy chegou a seu
trabalho, soube da boca de seu chefe que iria ser promovida a um dos cargos
executivos da empresa. Já Rose continuou sendo uma simples secretária. Em sua
primeira viagem a trabalho, Lucy conheceu Victor, um homem lindo, rico,
simpático e extrovertido. Depois de alguns encontros, os dois começaram a namorar
e, depois de um ano de namoro, eles se casaram. A Larissa e seu novo namorado
foram os padrinhos do casamento.
Será que AVALON realmente
desapareceu de nosso mundo? Será que a religião da deusa não existe mais?
FIM
Nenhum comentário:
Postar um comentário